Três anos sem Bruno e Dom

Bruno Pereira, indigenista brasileiro, e Dom Philips, jornalista britânico, foram assassinados por sua luta em defesa da Amazônia 

Em 5 de junho de 2022, o assassinato do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Philips chocou o mundo. Ambos, defensores dos direitos humanos e do meio ambiente, investigavam atividades ilegais na Amazônia, em especial no Vale do Javari, e foram mortos por isso. 

O caso teve repercussão nacional e internacional, e já havia sido levado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), para a qual foram solicitadas medidas cautelares para Bruno e Dom quando ainda eram tidos como desaparecidos. Após as mortes serem confirmadas, as medidas foram extendidas para lideranças da UNIVAJA, União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, que seguem sendo intimidadas e ameaçadas por defender seus territórios. 

A partir da mobilização da sociedade civil brasileira, foi implementada uma Mesa de Trabalho Conjunta para implementar as recomendações da CIDH  

Em abril de 2025, a CIDH reconheceu publicamente avanços na implementação da Mesa de Trabalho Conjunta sobre o tema. Entre os pontos destacados, estão a inserção de lideranças da UNIVAJA no Programa de Proteção aos Defensores e Defensoras dos Direitos Humanos, Jornalistas e Ambientalistas. 

Outro destaque é a elaboração do Plano Nacional para a Proteção dos Defensores e Defensoras de Direitos Humanos, por meio do Grupo de Trabalho Técnico  Sales Pimenta, do qual fizemos parte. O Plano foi entregue em dezembro de 2024, mas ainda depende de um decreto ipara ser publicado e implementado.  

Com relação à investigação do assassinato de Bruno Araújo Pereira e Dom Phillips, destaca-se o progresso nos processos criminais contra os autores materiais, bem como o indiciamento do suposto mandante e de terceiros envolvidos na ocultação dos corpos das vítimas. 

Para a ARTIGO 19 Brasil e América do Sul, o acompanhamento desse caso pela CIDH tem sido decisivo para os avanços que ocorreram.  

Entretanto, nos preocupa a situação de risco que os defensores do Vale do Javari enfrentam ainda hoje e a demora para a realização pelo Estado brasileiro de um pedido formal de desculpas às famílias de Bruno e Dom. 

Para celebrar a memória de Dom, o Instituto Dom Philips lançou o livro “Como salvar a Amazônia”, que estava sendo escrito pelo jornalista quando foi assassinado e foi finalizado por amigos do autor, preservando sua intenção original – mostrar que a resposta para salvar a Amazônia reside na própria floresta. 

Bruno e Dom, presentes! Hoje e sempre! 

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