O ano de 2018 mal começou e a lamentável violência contra comunicadores já fez vítimas fatais. Somente na última semana dois comunicadores foram assassinados no país. Ueliton Brizon, jornalista de Cacoal (Rondônia) e Jefferson Pureza, radialista em Edealina (Goiás).
Na última terça-feira (16), o jornalista Ueliton Brizon, de 35 anos, foi morto a tiros na cidade de Cacoal. De acordo com informações da Polícia Militar, Ueliton conduzia sua moto tendo sua esposa na garupa quando foi abordado por um suspeito em outra moto sofrendo vários disparos. Embora tenha chegado ao hospital com vida, não resistiu aos ferimentos. Sua esposa não se feriu.
O comunicador era responsável pelo site Jornal de Rondônia, publicação com foco na cidade de Cacoal e região, onde se veiculavam notícias políticas e denúncias de irregularidades locais. A polícia ainda não identificou nenhum suspeito. Nenhuma hipótese está descartada na investigação, mas considera-se que a atividade profissional de comunicador pode ter motivado o crime.
Um dia depois, na quarta-feira (17), Jefferson Pureza, da rádio Beira Rio FM, foi assassinado com três tiros na cabeça na garagem de sua casa em Edealina (GO). Segundo testemunhas no local, duas pessoas chegaram numa moto em frente à residência do radialista, entraram na garagem onde ele estava e efetuaram os disparos, fugindo em seguida.
O comunicador, conhecido por realizar muitas denúncias e pelo perfil investigativo de seu programa, vinha recebendo ameaças de morte há cerca de um ano e meio. A rádio onde trabalhava chegou inclusive a sofrer um incêndio em novembro de 2017, em circunstâncias ainda pouco claras.
As notícias sobre esse tipo de crime não podem ser recebidas com naturalidade pela sociedade. Ainda que assassinatos de comunicadores já sejam uma triste realidade no país, esses casos só demonstram o quão distante estamos de garantir, de um lado, o direito à vida dessas pessoas e, de outro, o pleno exercício da liberdade de expressão no país.
A falta de políticas públicas efetivas de proteção a comunicadores, somada à impunidade que caracteriza esses crimes, são elementos corrosivos para os direitos humanos e para a democracia no Brasil.
A ARTIGO 19 clama às autoridades responsáveis por investigações que levem em conta o exercício da comunicação como uma possível motivação para o crime e deem prioridade para essa linha investigativa. Segundo levantamento da ARTIGO 19, mais da metade dos homicídios de comunicadores no país não deram origem a processos criminais devidamente julgados pela Justiça. Para que isso aconteça, o primeiro passo são investigações eficientes e céleres.
A cada ano que passa, comunicadores continuam sendo vítimas das mais diversas violações no Brasil, inclusive das mais extremas, como assassinatos. Esse cenário representa uma permanente tentativa de calar essas pessoas para que o resto da sociedade não possa ouvir o que eles têm a informar. É responsabilidade de todos nós não nos calarmos diante disso e exigir uma resposta a esses crimes.