No dia 9 de dezembro, durante o IV Encontro Nacional de Proteção Popular de Defensoras/es de Direitos Humanos, a ARTIGO 19 apoiou a realização de uma oficina prática da Amadi Technology (AmadiTech) sobre segurança digital, proteção de dados e comunicação para proteção popular.
A atividade integrou as ações do projeto Sementes de Proteção Popular, coordenado pela Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) e executado pela Avuar Social. A facilitação foi conduzida por Renato Racin, da AmadiTech, com apoio das equipes de Proteção e Participação Democrática e Comunicação da ARTIGO 19 Brasil e América do Sul.
“Segurança digital não é só um conjunto de ferramentas, é uma prática de cuidado coletivo. Para organizações de direitos humanos, proteger dados, comunicações e pessoas é parte da própria defesa da vida e da continuidade do trabalho político.” — Renato Racin, responsável técnico da oficina e diretor da AmadiTech.
A formação partiu do princípio de que segurança digital é dimensão do cuidado coletivo, conectando práticas cotidianas (senhas fortes, 2FA, gestão de acessos e backups) a estratégias de proteção institucional (protocolos de viagem, checklists e governança de dados), além de abordar a aplicação da LGPD por organizações do terceiro setor. A metodologia combinou educação popular, exercícios práticos e construção de “combinados para os próximos 30 dias” — passos simples e viáveis para equipes de base.
“Quando transformamos protocolos simples — como checklists de viagem e o uso de ferramentas de modo estratégico — em cultura individual e coletiva consistente, reduzimos riscos e fortalecemos o trabalho das defensoras e dos defensores de direitos humanos. Segurança não é favor: é responsabilidade institucional.” — Taynara Lira, assessora de Proteção e Participação Democrática da ARTIGO 19.
Conteúdos e práticas trabalhadas
- Golpes e engenharia social (phishing, SIM-swap, contas clonadas e malware), com leitura de sinais de alerta e simulações de resposta.
- Rotinas de cuidado: ativação de 2FA, criação de senhas únicas com gerenciador (Bitwarden), configuração segura de WhatsApp (PIN, backup criptografado e mensagens temporárias) e atualização de dispositivos.
- Proteção de dados e LGPD para OSCs: mapeamento do ciclo de vida do dado, controles proporcionais para Agentes de Tratamento de Pequeno Porte, bases legais aplicáveis e documentação mínima.
- Armazenamento e nuvem: boas práticas no uso de Google Drive (compartilhamentos, acesso mínimo necessário e criptografia adicional com VeraCrypt/Cryptomator).
- Protocolos de viagem e cuidado institucional: políticas de deslocamento (ex.: 99 corporativo) e responsabilidade da organização contratante por medidas de segurança no trabalho.
A oficina consolidou um checklist de implementação em 30 dias (ativar 2FA nas contas críticas, trocar senhas fracas/repetidas, revisar compartilhamentos na nuvem, atualizar equipamentos, mapear dados sensíveis e rascunhar um acordo interno de boas práticas).
As organizações participantes também receberam edições da cartilha “Estratégias para uma Vida Digital Segura” (ARTIGO 19 + Agência Mural), além de recomendações, como os Fascículos do CERT.br, o manual da FrontLine Defenders e outras referências do CEPS (gov.br).
A relatoria do encontro destacou demandas recorrentes das pessoas que trabalham na linha de frente da defesa de direitos humanos. Desde dúvidas em relação ao uso do CPF nas farmácias, experiências com golpes (próprias ou de pessoas próximas), até a busca por plataformas alternativas para armazenamento de dados e troca de mensagens.
A ARTIGO 19 seguirá apoiando formações contínuas e apoio técnico a redes de proteção popular, articulando segurança digital, comunicação estratégica e proteção de dados para que quem defende direitos possa atuar com mais segurança e autonomia tecnológica.
