Racismo algorítmico e seus impactos na democracia

Na terça-feira, 18 de novembro, a ARTIGO 19 Brasil e América do Sul participou de um diálogo sobre racismo algorítmico e seus impactos na democracia promovido pela Imaginarius no âmbito do programa Potência, da Luminate. Gabrielle Graça, assessora do Centro de Referência Legal, pesquisadora do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas e mestranda em Direito da Regulação, foi a moderadora da atividade.  

Também participaram Nina da Hora, fundadora do Instituto da Hora, dedicado a promover os direitos digitais e uma visão crítica e coletiva da inteligência artificial no Brasil, e o professor Celso Oliveira, membro da Câmara de Segurança e Direitos na Internet do Conselho Gestor de Internet e co-diretor do AqualtuneLab. 

Durante uma hora, o diálogo refletiu sobre como os algoritmos moldam nossas vidas, reforçam as desigualdades e o que podemos fazer, coletivamente, para construir tecnologias mais justas e democráticas. Foram feitas reflexões sobre como os algoritmos moldam a rotina da população que acessam a internet em seu dia a dia – independente da faixa-etária – e como esses algoritmos são capazes de reforçar as desigualdades. 

“Tenho trabalhado muito com regulação econômica e está tudo amarrado. A concentração econômica, desses grandes conglomerados que a gente enfrenta, têm uma série de efeitos que afetam diretamente o espaço democrático. Toda essa concentração foi possibilitada por um processo histórico chamado colonialismo e o que a gente enfrenta hoje com racismo algorítmico é a automatização desses sistemas de valores e premissas”, comentou Gabrielle em sua fala de abertura. 

“Eu costumo trabalhar com a perspectiva de Deivison Faustino e Walter Lippold para o colonialismo digital. Primeiro, eles trazem o colonialismo digital, depois o colonialismo de dados, que é como que você replica a ideia de invisibilizar outros conhecimentos que não sejam vindos do Norte Global para conseguir desenvolver essas tecnologias. E uma outra perspectiva, que é invisibilizar quem vai ter acesso a essas ferramentas e a essas construções”, contribuiu Nina da Hora. 

Além de enxergar a ação dos algoritmos e entender como impactam a nossa sociedade, também foi debatido sobre os próximos passos: o que nós, como agentes transformadores, podemos fazer, coletivamente, para construir tecnologias mais justas e democráticas. 

“Se os inimigos são as big techs, elas são um modelo econômico e a gente só tem um instrumento para combatê-lo: a participação social. Temos que participar das esferas de decisão, porque as políticas públicas e o Estado são o único instrumento capaz de enfrentar esses inimigos. É tudo que a gente quer. Mentes negras pensantes. É tudo que a gente quer e tudo que a gente precisa”, concluiu Celso. 

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