Iniciativa da ARTIGO 19 reuniu comunicadoras e organizações da sociedade civil da América Latina num encontro virtual para trocar experiências
Na quarta-feira, 30 de abril, a ARTIGO 19 Brasil e América do Sul, realizou um seminário regional online de troca de experiências com o tema: “Monitoramento e documentação de violências contra mulheres Jornalistas e Comunicadoras”.
Com o objetivo de promover um espaço de troca de experiências, o seminário foi apresentado por Maria Tranjan, coordenadora do Programa de Proteção e Participação Democrática da ARTIGO 19 Brasil e América do Sul e contou com apresentações de Lucia Moguel e Frida Arreola, da ARTÍCULO 19 México y America Central, de Mariela Cuevas, da TEDIC – Tecnología y Comunidad.
Também participaram do encontro e somaram às discussões outras comunicadoras e organizações, como jornalistas independentes e representantes da Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ), Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ), Fundación para la Libertad de Prensa (Flip), Red de periodistas y comunicadoras feministas de Chile (@redperiofem) e Red de mujeres periodistas y comunicadoras de Paraguay (@rmpcpy).
A ARTIGO 19 Brasil e América do Sul tem como um dos seus principais eixos de atuação a proteção de comunicadoras e comunicadores em todo o mundo, partindo de estratégias de prevenção, análises de risco e desenvolvimento de planos de segurança, tanto individuais quanto coletivos.
O intercâmbio evidenciou desafios, estratégias e perspectivas, resgatando referências importantes, como o guia sobre a abordagem interseccional de gênero para monitorar e documentar os ataques realizados contra jornalistas e comunicadoras, o “Protocolo para el registro de agresiones contra periodistas” (TEDIC) e a publicação “¿Cómo visibilizar casos de violencia? Uso de casos emblemáticos en la promoción” (TEDIC).
O debate sobre o monitoramento de violência contra mulheres comunicadoras torna-se cada vez mais importante em nossa sociedade atual, uma vez que os dados seguem crescendo.
O projeto “Violência de gênero contra jornalistas” constatou que, dos 71 ataques registrados no Brasil até novembro de 2023, 43.6% contêm discursos estigmatizantes que buscam difamar e constranger as vítimas. Desses, 16.1% são discursos de autoridades e figuras proeminentes e 38.7% são campanhas sistemáticas de ataques à jornalistas.
Além disso, não podemos esquecer que muitas mulheres não realizam as denúncias porque ainda há a normalização de violências – principalmente as digitais – como se fosse parte do trabalho, além do receio de retaliação e por questões de políticas públicas no país de origem.
“O espaço foi muito enriquecedor e acho que cheio de coisas importantes que mostram a potência do trabalho que a gente vem desenvolvendo na região e como também tem muita potência em a gente ter esses espaços de troca, de reflexão conjunta, que ajudam que a gente desenvolva medidas que são comuns ou não entre os nossos países, mas que podem se ajudar de alguma forma”, finalizou Maria Tranjan.