Medidas de proteção devem ter caráter interseccional para que sejam efetivas
A ARTIGO 19 Brasil e América do Sul esteve em Bruxelas, na Bélgica, para participar do evento oficial da UNESCO do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o “World Press Freedom Day 2025”.
O tema principal deste ano foi o impacto da Inteligência Artificial (IA) no jornalismo, na mídia e nos direitos humanos, abordando o papel da IA na geração de conteúdo, análise e disseminação de informações, bem como os desafios éticos, a responsabilização e as questões de desinformação e viés que ela introduz.
Maria Tranjan, coordenadora do programa de Proteção e Participação Democrática, foi a representante da organização do evento, junto com a convidada Gizele Martins, comunicadora da Favela da Maré, no Rio de Janeiro/RJ, e integrante da Coalizão de Mídias Periférica, Favelada, Quilombola e Indígena.
Nossa participação foi, especialmente, para falar sobre violações de direitos contra comunicadoras e do desenvolvimento de protocolos interseccionais de proteção que levem em conta fatores como gênero, raça, sexualidade e território para construção de medidas de proteção efetivas para essas profissionais.
“São as jornalistas mulheres que tem sofrido os maiores ataques à liberdade de expressão. O que a gente precisa para garantir que mulheres jornalistas continuem atuando em nosso país é a democratização da comunicação. Não democratizar a comunicação é não democratizar o acesso à informação e a liberdade de expressão. É fazer com que comunicadoras como eu continuem silenciadas˜, disse Gizele em depoimento para o escritório internacional da ARTIGO 19.
A ARTIGO 19 Brasil e América do Sul entende como fundamental o fomento e financiamento de mídias independentes, principalmente nas áreas onde temos mais desertos de notícia. Além disso, é urgente a responsabilização de violadores e eventual reparação estatal contra comunicadoras que foram silenciadas através de violências diversas, inclusive, em alguns casos, as levando a abandonar a profissão.