ARTIGO 19 Brasil e América do Sul alerta para os perigos da escalada de violência nas respostas dadas pelo governo do Peru às manifestações sociais

A ARTIGO 19 Brasil e América do Sul acompanha com grande preocupação a reação do Estado peruano às manifestações sociais que ocorreram nos últimos meses. Essas manifestações são resultado de uma profunda crise social e política que assola o país, e se intensificaram desde dezembro de 2022. Até o momento, as medidas tomadas pelas autoridades peruanas não têm contribuído para a solução dessa crise; ao contrário, a postura beligerante adotada pela presidente Dina Boluarte e pelo Congresso Nacional em relação à população peruana é alarmante.

Nesse contexto, novas manifestações foram convocadas para hoje em todo o país, com grande concentração de manifestantes prevista em Lima, capital do país. Diante da nova convocatória, as reações institucionais estão em completo desacordo com os fundamentos democráticos e apresentam alto potencial de violação de direitos humanos de manifestantes. Aqueles que têm a obrigação de garantir o exercício da liberdade de expressão e do direito de protesto estão abdicando de seu papel e impondo severas restrições à participação política e social de peruanos e peruanas.

Exemplo disso são: (i) as barreiras militares colocadas em Lima pelo Ministério do Interior, para identificar os cidadãos vindos de outras regiões do país e dissuadir e neutralizar “atividades criminosas” (1) ; (ii) a declaração, por parte da prefeitura de Lima, de que o centro histórico da capital é uma “zona intangível para a realização de marchas, manifestações e concentrações públicas e políticas” (2); ou mesmo (iii) as declarações de Dina Boluarte que mobiliza um discurso de guerra aos “inimigos internos”, e afirma que manifestações são uma ameaça à democracia (3).

Ainda, a atuação da polícia nos protestos tem sido caracterizada pelo uso excessivo da força, causando ferimentos graves e mortes entre os manifestantes. Tanto a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) como o Relator Especial das Nações Unidas sobre o direitos à liberdade de reunião pacífica e de associação, Clément Voule, em visita ao País, reconheceram que forças de segurança do Estado cometeram graves violações dos direitos humanos dos peruanos que protestam contra aprofundamento da crise.

A ARTIGO 19 Brasil e América do Sul reitera a importância de que o Estado peruano atue seguindo os parâmetros internacionais de direitos humanos e os princípios democráticos. Instamos as autoridades a respeitarem a liberdade de expressão e o direito de protesto, evitando a escalada de violência e garantindo a integridade física e psíquica dos manifestantes, e nos somamos às organizações da comunidade internacional no monitoramento da crise e das respostas do Estado, especialmente diante das manifestações que foram convocadas para hoje no Peru. É fundamental que haja o restabelecimento de um ambiente seguro e propício para que as vozes dissidentes possam se expressar e que o Estado seja responsabilizado pelas mortes e outras violações que têm cometido ao longo desse processo.

 

REFERÊNCIAS

  1. Disponível em: http://www.elperuano.pe/noticia/217570-plan-control-verde-2023-policia-garantiza-la-seguridad-ciudadana-ante-anuncio-de-movilizaciones
  2. Disponível em: https://www.infobae.com/peru/2023/07/17/tercera-toma-de-lima-estas-son-las-zonas-del-centro-historico-prohibidas-para-los-manifestantes/
  3. Disponível em: https://elpais.com/internacional/2023-07-19/dina-boluarte-carga-contra-la-reactivacion-de-las-protestas-en-peru-es-una-amenaza-a-la-democracia.html

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VERSÃO EM ESPANHOL

 

ARTICLE 19 Brasil y América del Sur manifesta preocupación y atención por los peligros de una escalada de violencia en la respuesta del gobierno peruano a las protestas sociales

ARTICLE 19 Brasil y América del Sur sigue con gran preocupación la reacción del Estado peruano a las manifestaciones sociales organizadas en los últimos meses. Las protestas son el resultado de una profunda crisis social y política que vive el país y que se ha intensificado desde diciembre de 2022. Hasta el momento, las medidas adoptadas por las autoridades peruanas no han contribuido para resolver esta crisis; por el contrario, resulta alarmante la postura beligerante adoptada por la Presidenta Dina Boluarte y el Congreso Nacional frente a la población peruana.

En este contexto, nuevas manifestaciones están convocadas para hoy en todo el país, esperándose una gran concentración de manifestantes en Lima, la capital del país. Ante la nueva convocatoria, las reacciones institucionales son totalmente contrarias a los fundamentos democráticos y presentan un alto potencial de violación de los derechos humanos de los manifestantes. Los que tienen la obligación de garantizar el ejercicio de la libertad de expresión y el derecho a la protesta están negando su papel e imponiendo severas restricciones a la participación política y social de los peruanos.

Ejemplos de ello son: (i) las barreras militares colocadas en Lima por el Ministerio del Interior, para identificar a ciudadanos provenientes de otras regiones del país y disuadir y neutralizar “actividades delictivas” (1) ; (ii) la declaración de la Municipalidad de Lima de que el centro histórico de la capital es una “zona intangible para marchas, manifestaciones y concentraciones públicas y políticas” (2); y también (iii) las intervenciones de Dina Boluarte quien moviliza un discurso de guerra contra los “enemigos internos”, y afirma que las manifestaciones son una amenaza para la democracia (3).

Además, las actuaciones policiales en las protestas se han caracterizado por el uso excesivo de la fuerza, generando violaciones a la integridad física y muertes entre los manifestantes. Tanto la Comisión Interamericana de Derechos Humanos (CIDH) como el Relator Especial de Naciones Unidas sobre los derechos a la libertad de reunión pacífica y de asociación, Clément Voule, en una visita al país, reconocieron que las fuerzas de seguridad del Estado han cometido graves violaciones a los derechos humanos de los peruanos y peruanas que protestan contra la profundización de la crisis en el país.

ARTICLE 19 Brasil y América del Sur reitera la importancia de que el Estado peruano actúe de acuerdo con las normas internacionales de derechos humanos y los principios democráticos. Instamos a las autoridades a respetar la libertad de expresión y el derecho a la protesta, evitando la escalada de la violencia y garantizando la integridad física y psicológica de los manifestantes. Además, nos unimos a las organizaciones de la comunidad internacional en el monitoreo de la crisis y de las respuestas del Estado, especialmente frente a las manifestaciones convocadas para hoy en Perú. Es fundamental que se restablezca un ambiente o seguro y favorable para que las voces disidentes puedan expresarse y que el Estado rinda cuentas por las muertes y otras violaciones que ha cometido a lo largo de este proceso.

 

REFERÊNCIAS

  1. Disponible en: http://www.elperuano.pe/noticia/217570-plan-control-verde-2023-policia-garantiza-la-seguridad-ciudadana-ante-anuncio-de-movilizaciones
  2. Disponible en: https://www.infobae.com/peru/2023/07/17/tercera-toma-de-lima-estas-son-las-zonas-del-centro-historico-prohibidas-para-los-manifestantes
  3. Disponible en: https://elpais.com/internacional/2023-07-19/dina-boluarte-carga-contra-la-reactivacion-de-las-protestas-en-peru-es-una-amenaza-a-la-democracia.html

 

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