Uso excessivo de força policial mata 50 pessoas e fere mais de mil em protestos no Peru

Acompanhamos com preocupação as gravíssimas violações do direito de protesto perpetradas no Peru nas últimas semanas. Até o momento, cerca de 50 pessoas foram mortas e mais de mil foram feridas durante as manifestações que tomaram o país desde a destituição e prisão do ex-presidente Pedro Castillo em 7 de dezembro de 2022.

Milhares de pessoas vem ocupando as ruas, exigindo a renúncia da atual chefe do Executivo, Dina Boluarte, empossada após o impeachment de Castillo; a realização de eleições gerais e a criação de uma nova constituição. Os protestos tiveram grande impulso a partir do sul do país, que é mais empobrecido e ocupado por comunidades rurais e indígenas, e ganharam apoio de estudantes universitários e de forças sindicais de trabalhadores na capital do país.

A ARTIGO 19 condena veementemente a desproporcionalidade do uso de força, brutalidade e violência aplicadas pelas forças de segurança contra os manifestantes. No último sábado (21), a polícia entrou, sem a presença de fiscais, na Universidade Nacional de San Marcos, arrombando os portões com um veículo blindado, para prender manifestantes que se abrigavam no local vindos de comunidades rurais das montanhas dos Andes. Organizações de direitos humanos ainda acusam as forças policiais de uso de arma de fogo indiscriminadamente e lançamento de bombas de gás lacrimogêneo por helicópteros contra os manifestantes.

Em comunicado oficial, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos expressa sua preocupação diante da incursão policial e detenções massivas na Universidade de San Marcos. O Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos instou pela preservação da “legalidade e proporcionalidade da intervenção e garantias do devido processo”.

 

 

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