Os dados de violações à liberdade de expressão mostram a tendência de institucionalização da violência contra comunicadores. Se em 2017 foi possível monitorar 7 ataques partindo de agentes políticos e associados (por exemplo, assessores) e servidores públicos, e em 2018 e 2019, 4 violações por ano; em 2020 há uma mudança radical de cenário. Neste ano, puderam ser monitoradas ao menos 53 violações praticadas por estes agentes, que se concentram principalmente nos meses próximos ao período eleitoral (setembro a novembro) e ao redor de conteúdos relacionados à pandemia de COVID-19.
Em 2021, 20 casos foram registrados, segundo dados preliminares. Assim, há um crescimento evidente nas violações praticadas pelos agentes políticos e representantes do Estado, especialmente em razão de conteúdos e momentos de maior polarização política. Importante mencionar, ainda, que estes dados não contabilizam as violações praticadas em massa ou em grupo (online e offline), das quais podem ter participado agentes políticos – ou mesmo, que podem ter sido incitadas, direta ou indiretamente, por eles.
Desde o início do governo Bolsonaro, a institucionalização da violência contra comunicadores passou a se dar com força. Além do aumento das violações à liberdade de expressão nos últimos anos, foi característico do período a prática, por agentes políticos, de ataques à imprensa – por meio da desqualificação do trabalho, xingamentos, bloqueio em redes sociais, entre outros. Nos primeiros 20 meses da gestão, foram cometidas ao menos 449 ataques contra comunicadores, partindo do Presidente da República, de outros membros do Governo Federal, ou, ainda, de políticos associados ao Presidente – a exemplo de seus filhos que também ocupam posições de representação política. A partir do início da pandemia de COVID-19, o cenário se intensifica, especialmente no que diz respeito às manifestações críticas à gestão da crise sanitária, como será aprofundado adiante. Nesse sentido, cabe ressaltar que uma parte das violações praticadas em grupo ou em massa, ou por agentes comuns, contra comunicadores realizando coberturas relacionadas à pandemia, reproduzem exatamente os termos utilizados pelos agentes políticos em ataques e violações. ACESSE O ARTIGO COMPLETO