Diálogos de Expressão alerta para queda drástica de liberdades no Brasil e desafios de comunicadores (as) na região Amazônica

Na última sexta-feira (19), a ARTIGO 19, organização de defesa e promoção dos direitos humanos com atuação no Brasil e no mundo, lançou a revista ARTIGO 19 – Defendendo a Liberdade de Expressão, que em sua primeira edição analisa os resultados do Relatório Global de Expressão e traz entrevistas exclusivas com Muniz Sodré, professor emérito da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Patrícia Campos Mello, jornalista da Folha de S. Paulo; Kátia Brasil, jornalista e co-fundadora e editora-executiva da Agência de Jornalismo Independente Amazônia Real; e Jurema Werneck, diretora da Anistia Internacional.

“Vivemos um momento delicado no Brasil devido  a grave crise de saúde que se instaurou e que dia após dia faz milhares de vítimas. Além disso, há também em curso uma crise de liberdade de expressão que atinge não só o Brasil, mas outras várias partes do mundo”, destacou Denise Dora, diretora executiva da ARTIGO 19 durante a fala de abertura.

Dados do Relatório Global de Expressão, base de informações para a construção da revista, indicam que a liberdade de expressão atingiu seu menor patamar no mundo todo em 20 anos, atingindo de 3,9 bilhões de pessoas( 51% da população mundial) vivendo em países onde a garantia deste direito está em crise. O Brasil se destaca negativamente no estudo, apresentando a queda mais expressiva no indicador de liberdade de expressão em todas as comparações realizadas. Ainda segundo o relatório, o declínio acelerou com a chegada de Jair Bolsonaro à presidência da República, com uma queda de 28% em apenas um ano.

“São cerca de 200 milhões de pessoas no Brasil que ano a ano passam a ter menos liberdades: de se manifestar, de se expressar, de criar artisticamente, protestar e escrever sem medo de censura. Essa queda de liberdade de expressão no país, puxando o resto do mundo, causa um enorme prejuízo para o ambiente democrático global”, frisou Dora.

Para a jornalista e co-fundadora da Agência de Jornalismo Amazônia Real, Kátia Brasil, a eleição de Bolsonaro e sua chegada em 2019 num contexto de defesa de políticas antiamazônicas, antiambiental e de direitos humanos agravou a situação de comunicadores e comunicadoras que defendem direitos no país. “Nós seguimos fazendo o nosso trabalho como jornalistas, cobrindo a região Amazônica e as comunidades, mas claro, em um contexto muito mais difícil e desafiador de atuação”, ponderou.

Para Kátia, a desinformação e a propagação de notícias falsas, as chamadas fake news, (prática que tem ganhando cada vez mais espaço) têm grande potencial danoso para populações quilombolas, indígenas e ribeirinhas no cenário catastrófico de crises agravadas pela Covid-19 e da falta de informação acessível e de qualidade.

“Quando a pandemia chegou, os territórios que abrigam essas populações estavam totalmente desestabilizados em relação à saúde. Não se tinha, por exemplo, nenhum protocolo oficial do Ministério da Saúde que pudesse ser usado para a prevenção contra a Covid-19 nas comunidades. Isso em um país que conta com mais de 300 povos indígenas  de 270 línguas diferentes”, ressaltou a jornalista.

O debate de lançamento da Revista ARTIGO 19 inaugurou a primeira edição da série “Diálogos de Expressão”, fórum de debates e análise de dados relacionados ao direito à liberdade de expressão e ao acesso à informação no Brasil. Os diálogos acontecem bimestralmente no canal do YouTube da ARTIGO 19. Acompanhe!

Acesse o e-book da revista na íntegra! Assista ao diálogo de lançamento da revista aqui.

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