“Não tristeza não
Corre anda rasteja
Peleja sim coração
Em busca da beleza”
(Itamar Assumpção)
Os tempos não têm sido muito generosos com quem luta por mais liberdades, mais direitos e por um mundo mais equilibrado e solidário. Em seu ocaso, 2020 ainda nos trouxe a tristeza repentina da perda de nosso colega Diogo de Sant’Ana. Antes de mais nada, o sentimento é de injustiça, pela ida de uma pessoa que tanto contribuiu e que teria tanto para contribuir para as lutas que acreditamos justas, dignas e esperançantes. E por ironia cruel, o ano levou logo um dos nossos que fazia da justiça ela própria seu ofício, paixão e militância.
A morte do Diogo é doída. Teremos nosso tempo de luto. Sua partida precoce também nos desperta para a inspiração de sua vida. Nos fará lembrar que não há momento no qual não se deva viver, sorrir e lutar. Nos lembrará de lamentar menos e deixar de lado pequenos orgulhos. Nos lembrará de sermos mais acolhedores, mais amorosos, mais elegantes e agregadores, como Diogo.
Fiquemos fortes, atentos e despertos pois, mais do que nunca, o futuro precisa de nós. A vida e a trajetória do Diogo nos marcaram, mesmo no curto período de tempo em que convivemos online, neste ano de 2020, na Artigo 19. Abraçou a defesa da liberdade de expressão, e trazendo toda sua experiência com sociedade civil, liberdade de associação e liberdade artística e cultural. A delicadeza firme, a sagacidade providencial, a inteligência generosa e a vivacidade cristalina nos ajudarão a, inspirados em sua vida, buscar a beleza.
Obrigado, Diogo. Sigamos em frente, tristes e saudosos, mas firmes, fraternos e melhores, lembrando de celebrar sua vida.
ARTIGO 19
Denise, Paulo José Lara, Laura, Rafaela, Gabriela, Manoel, Thiago, Kátia, Regina, Raísa, Yumna, Taynara, Julia, Débora, Barbara Heliodora, Pedro, Maria, Vinícius, João, Viviane, Mariane, Belisário dos Santos Junior, Bianca Santana, Eduardo Pannunzio, Kátia Brasil, Luciana Guimarães, Malak Poppovic, Marcos Rolim e Luis Regules.
Mini bio
Diogo de Sant’Ana tinha larga experiência na administração pública, tendo trabalhado nas três esferas de governo (municipal, estadual e federal), tanto no âmbito legislativo como no executivo, tendo exercido diversas funções de liderança junto à Presidência da República do Brasil entre 2008 e 2015. Teve papel fundamental na revisão do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, atuando diretamente na promoção de iniciativas de participação social e interlocução com a sociedade civil, na elaboração e implementação de políticas de desenvolvimento sustentável e na elaboração da posição brasileiras sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs).
Sócio do escritório VMCA, onde coordenava a área de terceiro setor e negócios de impacto, era também professor convidado do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) desde 2018. Em 2020, atuou como coordenador do Centro de Referência Legal da ARTIGO19 organização internacional de direitos humanos e defesa da liberdade de expressão e do acesso à informação.