O jornalista brasileiro Lourenço Veras, 52 anos, foi assassinado em sua casa na cidade de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, região que faz fronteira com o Brasil. Segundo informações do Sindicato dos Jornalistas do Paraguai, homens armados dispararam vários tiros contra ele na noite desta quarta-feira (12/02).
Léo Veras, como era conhecido, vinha sofrendo ameaças pelo exercício da profissão há anos – o caso do jornalista estava no monitoramento da ARTIGO 19 desde 2013, quando ele recebeu ameaças após realizar uma denúncia que ligava o senador paraguaio Roberto Azevedo ao crime organizado. Em 2015, em depoimento no minidocumentário “Impunidade cala”, Léo Veras alertou sobre as características da violência na região fronteiriça e apontou como o cenário de alto risco era um fator limitante para o desempenho da atividade jornalística. Na ocasião, ele vivia no Paraguai, onde recebia a proteção do poder público que não havia conseguido no Brasil.
Seu assassinato segue o mesmo padrão de outros homicídios cometidos contra comunicadores, em que pessoas são emboscadas por pistoleiros contratados que disparam contra elas e fogem. Que acontecem ainda no contexto de uma série de ameaças anteriores que, ao não receber respostas adequadas do Estado, chegam ao extremo do crime contra a vida.
Vale destacar que nos últimos 8 anos, cerca de 80% dos homicídios tiveram ameaças de morte ou tentativas anteriores, segundo monitoramento da ARTIGO 19. Tratam-se de mortes anunciadas que poderiam ter sido evitadas, assim como a de Léo Veras.
O Sindicato dos Jornalistas do Paraguai ressaltou a recorrência de assassinatos de jornalistas na região e exigiu “que as autoridades garantam imediatamente a vida e a segurança dos colegas da área, além de esclarecer esse crime terrível e processar adequadamente os culpados”, parando a impunidade. No Brasil, segundo levantamento da ARTIGO 19, cerca de 30 comunicadores foram assassinados nos últimos sete anos.
A ARTIGO 19 considera fundamental que o exercício da comunicação seja considerado entre as linhas de investigação. Também que a apuração aconteça de maneira célere, de modo a dar uma resposta adequada aos familiares de Lourenço Veras e à sociedade. A organização reforça a importância de seu trabalho e expressa também solidariedade aos colegas e familiares neste momento difícil. Continuaremos atentos ao andamento das investigações e reforçando a demanda por justiça para evitar que esse caso se some a tantos outros que caíram no ciclo do silêncio.