No último dia 21, mais um comunicador foi assassinado no Brasil. Ao chegar para o trabalho no estúdio da rádio Pérola em Bragança (PA), o radialista Jairo Sousa foi alvejado a tiros por dois homens. Socorrido por vigilantes, o comunicador foi encaminhado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
Segundo portais de notícias locais, as investigações já se iniciaram, contando com quatro delegados da Polícia Civil. Imagens do circuito de monitoramento do local devem auxiliar na apuração do caso.
Jairo teve carreira diversa na mídia paraense. Atuou em emissoras do estado como a Rádio Educadora e Rádio Princesa e teve passagem pelo programa Cidade Alerta, da afiliada da TV Record em Bragança. Notabilizou-se pelas denúncias políticas e de crimes ligados ao tráfico nas cidades da região de Bragança, temas que continuava a abordar no Show da Pérola, programa diário que realizava na Rádio Pérola.
Em depoimento à polícia, a esposa de Jairo contou que ele vinha recebendo ameaças, informou o portal G1. Em contato feito pela ARTIGO 19, colegas de trabalho informaram que Jairo mencionava receber com frequência recados e avisos em tom de alerta por conta das pautas que realizava no programa. No dia do atentado ele não vestia o colete à prova de balas que costumava utilizar. Também contatada pela equipe da ARTIGO 19, a polícia se recusou a fornecer informações.
Jairo é o terceiro comunicador assassinado no país em 2018, o segundo na região Norte – Ueliton Brizon, jornalista de Roraima, foi morto em janeiro. A cifra já supera o número de ocorrências do ano anterior, quando dois comunicadores foram mortos por razões ligadas à profissão.
O crime acontece menos de dois meses depois de o Conselho Nacional de Direitos Humanos realizar uma audiência pública em Brasília sobre violência contra comunicadores. Na ocasião, além de novamente informar o Estado brasileiro sobre o problema, as organizações da sociedade civil presentes demandaram, mais uma vez, políticas concretas de enfrentamento das violações. A audiência contou com a participação de representantes de diversos órgãos públicos que se comprometeram a fortalecer ações de combate a esses crimes.
A ARTIGO 19 demanda às autoridades uma investigação célere do crime e que a atuação profissional de Jairo seja levada em conta como uma das linhas centrais da apuração. No Brasil, é alto o índice de impunidade dos crimes contra comunicadores. Não se pode deixar que mais este caso some-se à longa lista de casos de comunicadores que permanecem impunes.
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