A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) promove nesta semana, de 28 a 30 de junho, o 13º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, o maior encontro de jornalistas da América Latina. Ao todo, serão 100 painelistas, nove deles internacionais, e 32 cursos e oficinas conduzidos por grandes nomes do jornalismo nacional e internacional. O tema central do congresso deste ano é a importância da colaboração para o futuro do jornalismo no Brasil e no mundo.
A Abraji acredita que só com a colaboração entre todos os atores da indústria jornalística — repórteres, editores, fotógrafos, designers, documentaristas, programadores, inovadores e empreendedores, com ou sem fins lucrativos — será possível passar pela era das transformações que enfrentamos.
Serão debatidos temas como a cobertura da Amazônia e do crime organizado em suas diferentes vertentes, o desafio da segurança do jornalista e da liberdade de expressão, em um país e em um continente que passam por mudanças intensas.
O editor venezuelano Joseph Poliszuk contará sua experiência de fazer jornalismo do exílio. Ainda no eixo da segurança sobre o jornalista, será apresentada uma oficina inédita no Brasil sobre como lidar com o assédio virtual, um fenômeno crescente no país, principalmente contra repórteres de política, esporte, segurança pública e especializados em checagem.
Conselheiros da Abraji também contarão como foi o primeiro ano do Programa Tim Lopes, lançado sob inspiração do Arizona Project, da americana Investigative Reporters and Editors (IRE). O objetivo do projeto é acompanhar a investigação de casos de assassinato de jornalistas e comunicadores e montar uma redação colaborativa para seguir com as reportagens das vítimas.
Grandes investigações feitas no Brasil e no mundo serão esmiuçadas durante o congresso. Entre elas, histórias sobre abusos e violência contra a mulher; a violência de policiais contra populações carentes do Rio de Janeiro; e os números de homicídio no Brasil.
A Operação Lava Jato — o grande caso de corrupção cuja investigação começou no Brasil e se espalhou por toda a América Latina e pelos Estados Unidos, fazendo presidentes serem presos, renunciarem ou fugirem para o exterior — será tema de uma mesa em que jornalistas vão discutir os erros e acertos da cobertura.
Pela primeira vez, o Investiga Lava Jato e a Red Estructurados, os dois consórcios de jornalistas investigativos da América Latina formados para cobrir a Lava Jato em equipe, estarão lado a lado, conversando e trocando ideias e práticas sobre como a colaboração transnacional pode ser determinante para jornalistas vigiarem os poderosos.
Também haverá destaque para painéis e oficinas sobre o fenômeno da desinformação e das notícias falsas no contexto brasileiro, e como o jornalismo nacional está enfrentando o problema. Uma grande surpresa em torno do assunto será anunciada durante o evento. “Estamos orgulhosos de fazer parte de uma iniciativa para promover a colaboração com o objetivo de enfrentar a desinformação no Brasil”, diz Daniel Bramatti, presidente de Abraji.
No eixo diversidade, editores brasileiros que gerem suas equipes valorizando pontos de vista diferentes vão ensinar por que isso melhora a qualidade do jornalismo. Também haverá uma mesa sobre o projeto Mulheres no Jornalismo Brasileiro, parceria da Abraji com a organização Gênero e Número, uma iniciativa para combater o assédio a jornalistas mulheres por fontes e dentro das redações.
Ainda nesse eixo, a repórter Nikole Hannah-Jones, do New York Times, falará sobre o #MeToo e a cobertura do Black Lives Matter, nos Estados Unidos.
No eixo de empreendedorismo e inovação, haverá cursos para jornalistas que queiram lançar negócios jornalísticos, com e sem fins lucrativos, e uma oficina de design thinking.
Possibilidades de modelos de negócios para o jornalismo local também serão exploradas, o que é fundamental no contexto brasileiro, em que há 70 milhões de pessoas sem acesso a publicações impressas ou sites. O número é do Atlas da Notícia, estudo feito pela organização brasileira Projor.
A Abraji vai homenagear o jornalista e escritor Zuenir Ventura, um dos maiores repórteres brasileiros de todos os tempos e autor de livros de sucesso, como “1968, o Ano que não terminou” (1988), sobre um dos anos mais dramáticos da ditadura brasileira, e “Cidade Partida” (1994), livro-reportagem sobre como a pobreza no Rio de Janeiro dividiu a cidade entre favela e asfalto.
Veja a programação completa aqui. As inscrições ainda estão abertas e é possível encontrar passagens aéreas e hospedagem em São Paulo, a preços competitivos.
Entre as convidadas internacionais estão jornalistas que lideram consórcios de jornalismo colaborativo: Romina Mella, editora investigativa do IDL-Reporteros (Peru), e a jornalista de dados Milagros Salazar, fundadora e diretora do Convoca, do mesmo país.
Na lista dos internacionais estão ainda Stephen Engelberg, editor-chefe da ProPublica, um dos principais veículos do jornalismo investigativo norte-americano; Jason Reich, diretor de Segurança Global do site BuzzFeed; Jason Reifler, professor da Universidade de Exeter (Reino Unido), especialista em percepções equivocadas (misperceptions) e na checagem de fatos; Claire Wardle, diretora do Projeto de Desordem da Informação e do First Draft, especialista em como a informação é compartilhada online; e Marisa Kwiatkowski, repórter investigativa do The Indianapolis Star.
O jornalista Rosental Calmon Alves, do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, da Universidade dos Texas, completa o time de convidados internacionais.
Do Brasil, irão Ancelmo Góis, Angelina Nunes, Andreza Matais, Giampaolo Braga, Rodrigo Rangel, Elvira Lobato, Patrícia Campos Mello, Ciara Carvalho, Flávio Ferreira, Ângela Pimenta, José Roberto Toledo, Laura Diniz, Marcelo Beraba, Leonardo Sakamoto, Marcelo Beraba, Sérgio Dávila, Cristina Tardáguila, Bruno Paes Manso, Pedro Dória, Alan Gripp, Tai Nalon, Fernando Rodrigues, Rubens Valente, Gustavo Faleiros, Adriana Garcia, Marcelo Moreira, Amanda Rossi, Daniela Pinheiro, Chico Felitti e mais dezenas de jornalistas e profissionais de outras áreas.
“Ao selecionar os convidados brasileiros e internacionais, pensamos em como alinhar nossas necessidades, como jornalistas brasileiros, com o que de mais qualificado e inovador vem sendo feito dentro e fora do Brasil. O Congresso da Abraji, mais uma vez, será o grande ponto de encontro para pensarmos, discutirmos e aprendermos, uns com os outros, como melhorar cada vez mais o nosso jornalismo”, afirma Guilherme Amado, vice-presidente da associação.
Serviço
13º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo
Universidade Anhembi Morumbi
Rua Casa do Ator, 275, Vila Olímpia – São Paulo, SP
28, 29 e 30 de junho de 2018
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Foto: ABRAJI