Sem os devidos esclarecimentos, ainda faltam algumas respostas para morte de ambientalista

Foto Altamir

Na última sexta-feira (17), a ARTIGO 19 recebeu em seu escritório em São Paulo o jornalista Altamir Andrade. Andrade foi colega do ativista Leonardo Morelli, morto em dezembro de 2013. O caso de Morelli foi apresentado no relatório “Violações à liberdade de expressão 2013” da ARTIGO 19 e, desde então, a organização vem acompanhando o desenrolar do caso.

Andrade continua com as investigações e denúncias que eram realizadas por Morelli e, neste último encontro, entregou à ARTIGO 19 uma série de documentos, evidenciando várias tentativas, feitas por ele e pelo IVC (Instituto Viva Cidade), de contatar órgãos públicos para encaminhar suas denúncias sobre irregularidades de licitações e risco à saúde pública e ao meio ambiente pelo uso de rejeito industrial de fundição em obras públicas no estado de Santa Catarina. Os órgãos, no entanto, não oferecem resposta às cartas protocoladas por Andrade.

A ARTIGO 19 entende que tanto a falta de um encaminhamento satisfatório das investigações sobre a morte de Morelli quanto a falta de apoio de órgãos públicos na continuidade das denúncias são fatores que contribuem para a situação de risco em que defensores de direitos humanos e comunicadores se encontram no país. Esse contexto é uma séria ameaça à liberdade de expressão e deve ser tratado de maneira adequada pelas autoridades públicas.

Entenda o caso Leonardo Morelli

Morelli era ativista de causas ambientais e denunciava irregularidades envolvendo grandes corporações. Essas denúncias eram feitas tanto por meio de jornais quanto de mecanismos oficiais, como audiências públicas.

Morelli foi encontrado morto no quarto do hotel em que estava hospedado em Florianópolis e o laudo inicial apontou morte por causas naturais no coração, o que levou a família a cremar o corpo rapidamente. No entanto, depois da divulgação feita por Andrade de carta escrita por Morelli que denunciava as ameaças que estava sofrendo, a família e os amigos começaram a desconfiar da versão do laudo inicial. Andrade passou então a investigar por conta própria, cobrindo todos os fatos em seus jornais.

A família e os amigos acreditam que sua morte não foi causada por motivos naturais, sobretudo porque Morelli não tinha problemas no coração e esteve com a família uma semana antes em estado de saúde perfeitamente normal.

Para a elaboração do relatório anual de violações à liberdade de expressão, a ARTIGO 19 apurou este caso em 2013, entrando em contato com familiares e colegas de Morelli, além da tentativa não exitosa de contatar as autoridades responsáveis pelas investigações. A existência de indícios que apontavam em outra direção a respeito da conclusão do caso culminou na sua inclusão no relatório. Portanto, a ARTIGO 19 reforça a necessidade da reabertura das investigações e um empenho das autoridades para que todas as versões do caso sejam devidamente esclarecidas.

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