Nos dias 29 e 30 de setembro, a ARTIGO 19 participou de oficinas, exibição de filmes e apresentações teatrais junto aos moradores do povoado de Barros, localizado no município de Potiretama, interior do Ceará. As atividades foram fruto de parceria com o Fórum Cearense Pela Vida no Semiárido (FCVSA), e fazem parte do projeto “Acesso à Informação e Direito à Água”, da ARTIGO 19. Moradores dos povoados de Caatingueirinha e do assentamento Riacho Seco também marcaram presença.
As atividades também estavam inseridas na campanha “Não Troque Seu Voto Por Água”. Bem escasso e valioso no sertão do Ceará, a água não é amplamente acessível e acaba se transformando em moeda de troca dentro do jogo político da região.
No dia 29 de setembro, coube a Ricardo Wagner, comunicador popular da Obas (Organização Barreira Amigos Solidários), facilitar uma oficina de estêncil em camisetas. Mais tarde, os moradores do povoado viram uma apresentação de dança e uma peça do teatro de mamulengos, um tipo de fantoche característico da região do Nordeste.
Ainda no mesmo dia, houve tempo para que cerca de 60 moradores da região assistissem, ao ar livre, ao curta-metragem “O Auto da Dona Caroba”, produzido pela Rede de Comunicadores/as Populares do Fórum Cearense pela Vida do Semiárido. O filme busca difundir a mensagem para que a população não venda seus votos pelas promessas de fornecimento de água feitas por muitos candidatos, já que a água é um direito humano.
Já no segundo dia de atividades, no dia 30, Mariana Tamari e Bárbara Paes, da equipe de Acesso à Informação da ARTIGO 19, facilitaram uma oficina sobre a LAI (Lei de Acesso à Informação) junto a cerca de 40 moradores. O grupo discutiu a importância do direito ao acesso à informação e estudou como a LAI pode funcionar na prática.
Os participantes da oficina redigiram diferentes pedidos de informação com o auxílio do “Cordel”, sobre a importância e o funcionamento da LAI. Tanto o guia como o vídeo foram produzidos pela ARTIGO 19.
“Por meio das oficinas, as pessoas percebem que os pedidos de informação podem agir como uma ferramenta de controle social, viabilizando um envolvimento direto do cidadão com as políticas públicas que o atingem”, opina Bárbara.
Já Mariana destaca a vontade demonstrada pelos participantes da oficina em conhecer mais sobre o direito ao acesso à informação. “Ficamos impressionadas com a receptividade e interesse da população. Trata-se de grupos sedentos por informação, que conseguem articular concretamente essa demanda às suas necessidades cotidianas – como a escassez de água e a carência de equipamentos públicos de saúde, educação e lazer. Eles compreenderam bem o que é LAI porque sabem da importância do acesso à informação para melhorar as suas condições de vida”, conta.
A região de Catingueirinha tem visto uma crescente mobilização social, com o surgimento de diversos grupos de jovens politicamente engajados. A produção cultural tem sido um fator importante na construção desses grupos. Diante de um cenário de poucas opções de lazer, jovens têm se reunido para organizar intervenções artísticas, como quadrilhas e teatros de mamulengos. Muitos dos enredos do grupo teatral têm buscado suscitar debates políticos.