Declaração de Agnès Callamard, diretora executiva da ARTICLE 19, sobre a “libertação” de Aung San Suu Kyi

Por quase 20 anos, Aung SanSuu Kyi teve seus direitos negados, mantida à força dentro de sua casa e punida por sua crença na democracia, nos direitos humanos e no direito do povo da Birmânia* de viver livre do medo.

Hoje, Aung San Suu Kyi foi libertada. Uma semana após o povo da Birmânia não poder, mais uma vez, exercer seu direito de eleger livremente, sem medo, seus representantes políticos.

Hoje, ela foi libertada. Poucos dias após milhares terem fugido para a vizinha Tailândia para escapar da violência que acompanhou eleições injustas. Poucos dias após relatos de ampla fraude eleitoral terem enfim surgido dos poucos jornalistas independentes trabalhando clandestinamento no país.

Hoje, Aung San Suu Kyi foi libertada. É um passo enorme. E hoje celebramos com sua família, seus colegas e amigos, seus apoiadores na Birmânia, ao redor do mundo, nos campos de refugiados e com seus colegas ganhadores do Prêmio Nobel da Paz que lutaram por sua liberdade. Todos celebramos hoje com felicidade, entusiasmo e lágrimas. A alegria é compartilhada.

Hoje, ela foi libertada. Mas, amanhã, deveremos mais uma vez confrontar, exigir, recordar e lutar. Pois não deve haver dúvida de que esse grande passo deve ser apenas o primeiro. Ele deve ser seguido por muitos outros. Ao lado de Aung San Suu Kyi e seus apoiadores, trabalharemos para garantir que esses passos sejam dados, para que o povo birmanês também possa ser libertado.

MAIS INFORMAÇÕES:

  • *Em 1989, a junta militar governante mudou o nome oficial do país para Mianmar.
  • Suu Kyi, 65, membro honorário do Conselho da ARTICLE 19 por sua dedicação à liberdade de expressão, é a líder da Liga Nacional pela Democracia e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 1991. Seu partido conseguiu 80% dos assentos no parlamento nas eleições de 1990, a despeito de ela estar detida na época, mas os militares nunca permitiram que um governo democrático se formasse, e ela permaneceu a maior parte do tempo detida desde então. Sua libertação acontece dias depois de eleições forjadas organizadas pelo regime militar birmanês. A mídia nacional foi proibida de cobrir as eleições de forma livre, jornalistas estrangeiros foram impedidos de entrar no país, candidatos políticos foram extremamente limitados e o eleitorado não foi adequadamente informado sobre as eleições ou seus candidatos e suas opiniões. Não houve observadores independentes. Os resultados da votação não estão claros ainda, mas parece que o situacionista USDP foi, sem surpresa, o vencedor.
  • Para mais informações, contate em inglês: Oliver Spencer,oliver@article19.org +44 20 7324 2500

 

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