O repórter Marlon de Carvalho, da Bahia (BA).
Marlon de Carvalho Araújo, o repórter ventania, foi morto à tiros em sua residência na madrugada desta quinta, 16, no povoado de Chapada, zona rural da cidade de Riachão do Jacuípe, Bahia. É o quarto caso desse tipo ocorrido no Brasil em 2018 – o que significa que até agora, 2018 já teve o dobro de assassinatos de comunicadores em relação ao ano de 2017.
Com passagens pelas rádios Gazeta e Jacuípe, Marlon vinha se dedicando a uma página pessoal no Facebook na qual atuava como repórter independente, mantendo o perfil combativo que o marcava. Ali realizava vídeos com cobranças, denúncias e críticas contra políticos de municípios diversos de sua região. Entre seus últimos vídeos, Marlon anunciou que faria denúncias a respeito de políticos da cidade de Pé de Serra, município vizinho de Riachão do Jacuípe.
A ARTIGO 19 entrou em contato com comunicadores locais e com autoridades responsáveis pelas investigações do caso, que confirmaram que a principal motivação considerada para o crime é a atuação de Marlon como comunicador.
Somente em 2018, já foram assassinados outros três comunicadores: Jairo Sousa, radialista de Bragança (PA); Ueliton Brizon, jornalista de Cacoal (Rondônia); e Jefferson Pureza, radialista em Edealina (Goiás). Assim, fica evidente que o crime reforça um cenário de violência contra comunicadores que tem se intensificado este ano, sendo urgente e necessário que o Estado, em todos os níveis, reconheça a condição alarmante dos comunicadores no país e se comprometa com política concretas de enfrentamento do problema.
Em maio desse ano, uma audiência pública realizada no âmbito do Conselho Nacional de Direitos Humanos discutiu o tema da violência contra comunicadores no Brasil e uma série de organizações da sociedade civil, entre elas a ARTIGO 19, alertaram para os índices alarmantes de violações contra comunicadores no país.
Autoridades presentes se comprometeram a enfrentar a questão, entre elas o Ministério de Direitos Humanos, órgão público responsável pelo Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, que anunciou a inclusão dos comunicadores no mecanismo de proteção. Essa medida se faz urgente, pois inúmeros comunicadores se encontram em situação de risco no país e a proteção dessas pessoas pode impedir que novos casos como o de Marlon aconteçam.
A ARTIGO 19 vê com preocupação a notícia e demanda que as autoridades garantam que as investigações do caso sejam céleres e rigorosas e que todo o apoio seja prestado aos familiares e colegas de Marlon.
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