Jornalistas são agredidos por seguranças do metrô no Rio de Janeiro

08/07/2016

 

portalimprensa

Três jornalistas foram agredidos e detidos por seguranças do metrô na estação Uruguaiana, no Rio de Janeiro (RJ), na última terça-feira (5/7), enquanto acompanhavam uma confusão entre os agentes e jovens manifestantes que tentavam fazer um catracaço.

Em relato, o repórter Matias Maxx, da Vice, conta que ele, o jornalista Roger McNaught, da Tribuna da Imprensa Sindical, e o fotojornalista Ellan Lustosa retornavam da cobertura de protestos realizados pela manhã e tarde em frente ao edifício da ALERJ, no centro do RJ, quando ouviram uma gritaria na estadão e se dirigiram às roletas.

“Naturalmente sacamos nossas câmeras e começamos a registrar tudo. Eis que alguns seguranças deixam de lado os manifestantes e voltam sua atenção para nossas lentes: começaram a tampá-las e golpeá-las, exigindo aos gritos que não os filmássemos”, explica.

Segundo Maxx, conforme reforços chegavam, os seguranças atacavam os jornalistas com mata-leão. Os profissionais não conseguiam nem se defender na tentativa de proteger seus equipamentos e os registros que haviam feito das agressões.

“Em minha carreira fotojornalística já vivenciei diversas cenas de brutalidade policial, mas nunca tinha visto algo tão bárbaro e covarde como a violência que os seguranças da concessionária Metrô Rio perpetraram contra jornalistas, manifestantes e passantes que não tinham nada a ver”, disse.

O repórter da Vice afirma que foi atacado duas vezes. Na primeira, por pelo menos três seguranças de uma só vez, que deram um mata-leão e o largaram praticamente inconsciente. Ao se recuperar, foi atacado por outros seguranças que o levaram até o “aquário” da estação, onde estava um colega. “Ali não tinha nada de tática, nada de técnica, nada de uso progressivo de força. Havia apenas brutalidade, covardia e principalmente censura”, observou.

Enquanto permaneciam detidos no aquário, os jornalistas perguntaram o motivo de estarem ali, mas os seguranças não sabiam responder. Depois de um tempo, um deles mencionou uma “lei anti-terrorista” porque “estavam tocando o terror”. Além dos repórteres, foram detidos três manifestantes e uma senhora que não estava envolvida na confusão.

Na delegacia, os profissionais foram defendidos por André Barros, ex-vice presidente da comissão de direitos humanos da OAB-RJ, Carlos Martins, do Instituto de Defesa dos Direitos Humanos, Erik Torquato, do gabinete do deputado Carlos Minc, e Rodrigo Mondego, do gabinete do deputado federal Wadih Damous.

Após quase cinco horas no local, os repórteres denunciaram o metrô por agressão. Em seguida, foram ao Instituto Médico Legal para o exame de corpo e delito. Em nota, a ONG Artigo 19 e a Anistia Internacional condenaram a violência contra os profissionais.

“Toda atenção a esses casos de violência e detenção arbitrária é necessária nesse momento, assim como o apelo para que a população tenha seu direito de manifestação garantido durante a realização das olimpíadas no Brasil. Além disso, é imprescindível que os comunicadores tenham a garantia do exercício de suas atividades garantida nessas situações”, ponderou a Artigo 19.

“Alertamos para os riscos de violação ao direito ao protesto e à liberdade de imprensa no contexto da Rio 2016. As autoridades devem, desde já, investigar toda e qualquer denúncia de abuso”, manifestou a Anistia Internacional.

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