Paraguai: começa julgamento do assassinato do jornalista investigativo Pablo Medina

Começou ontem (23), em Assunção, no Paraguai, o julgamento dos assassinatos do jornalista Pablo Medina e de sua assistente Antonia Almada, mortos há pouco mais de três anos durante uma emboscada a tiros na zona rural de Villa Ygatimí, na região de fronteira com o Brasil.

Medina atuava como correspondente do diário ABC Color e era bastante conhecido por sua atividade jornalística relacionada ao narcotráfico e o crime organizado.

No dia 16 de outubro de 2014, ele voltava de um trabalho de reportagem quando o carro onde estava foi interceptado por um outro nos quais estavam dois atiradores, que alvejaram o veículo.

De acordo com as autoridades paraguaias, o principal suspeito de ser o mandante do crime é Vilmar Acosta Márquez, ex-prefeito da cidade de Ypejhú, e que por diversas vezes foi tema de reportagens de Medina por supostas ligações com o tráfico de drogas e com o assassinato de um político local. Márquez foi preso no Brasil e extraditado para o Paraguai, onde é réu no processo judicial.

O único condenado pelo crime até agora foi Arnaldo Cabrera, que dirigia o carro com os assassinos de Medina e Almada. Já Flavio Acosta Riveros, apontado como sendo um dos atiradores, está preso em Foz do Iguaçu, no Brasil, à espera de ser extraditado. O outro acusado de ter executado o crime é Vilmer Wilson Acosta Márquez, irmão de Vilmar Marques. No momento, ele se encontra foragido.

O caso de Pablo Medina está sendo acompanhado com bastante atenção pela sociedade civil paraguaia, em especial, por organizações de liberdade de expressão e de imprensa. Trata-se de mais um entre os 17 assassinatos de comunicadores ocorridos no Paraguai entre 1991 e 2015.

A ARTIGO 19 está acompanhando o julgamento de perto e espera pela devida responsabilização de todos os perpetradores do crime que vitimou Medina e Almada. É importante lembrar que a violência contra comunicadores representa uma das formas mais extremas de violação do direito à liberdade de expressão e informação e, portanto, deve ser alvo de ações contundentes por parte dos Estados no que diz respeito a investigação e responsabilização, para que o ciclo das violações contra comunicadores seja interrompido.

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